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Guia americano sobre pedagogia do hip hop têm contribuição de pesquisadoras da USP

Publicação da editora americana Bloomsbury Publisher conta com a contribuição de duas pesquisadoras da Faculdade de Educação da USP; livro celebra os 50 anos do movimento

No ano de 2023, o hip hop comemorou 50 anos de uma história que surgiu nos subúrbios de Nova York, no início da década de 1970. Representado historicamente por grupos sociais marginalizados, o movimento não se limita apenas ao gênero musical do rap, mas engloba uma manifestação cultural e um estilo de vida, incluindo a dança e a arte de rua.

Em celebração à data, a editora estadunidense Bloomsbury Publisher produziu o livro The Bloomsbury Handbook of Hip Hop Pedagogy (O Manual da Bloomsbury de Pedagogia do Hip Hop), lançado em fevereiro deste ano. Trata-se de uma coletânea de teorias, histórias, pesquisas e práticas voltadas ao hip hop, totalizando 20 capítulos escritos por ativistas e estudiosos do tema.

Convocado pela editora para escrever um dos capítulos, Derek Pardue, professor de Estudos Globais com foco em Brasil e América Latina na Universidade de Aarhus (Dinamarca), antropólogo e escritor americano, convidou duas pesquisadoras da Faculdade de Educação (FE) da USP para se unirem a ele. 

Juntos escreveram o capítulo Hip Hop as “Artivism” in the Anti-Black City of São Paulo, Brazil (Hip Hop como “artivismo” na cidade antinegros de São Paulo).

Capa do livro publicado em inglês pela editora Bloomsbury Publisher – Imagem: Divulgação

“A ideia é evidenciar uma educação política e emancipatória, portanto antirracista, que dialogue com a juventude negra e periférica. Assim, pensando o hip hop como metodologia dentro do currículo docente”, é o que diz Cristiane Correia Dias, mestre em Educação pela FE e doutoranda em Humanidades pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Cristiane, que além de pesquisadora é dançarina de breaking, foi uma das convidadas de Derek para coescrever o capítulo.

Djenane Vieira dos Santos, mestre e graduada em Música pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atualmente doutoranda em Educação pela FE, completa o trio de autores do capítulo sobre artivismo da coletânea. “Eu sou de Salvador, e fui conhecer e me aproximar do hip hop só quando me mudei para São Paulo, em 2004. Hoje eu faço parte e coordeno projetos dentro da educação relacionados ao hip hop, e fiquei muito feliz de ter participado da construção do livro”, conta a pesquisadora.O neologismo “artivismo”, da aglutinação das palavras arte e ativismo, representa a participação de artistas nas discussões sociopolíticas da sociedade. O artivismo pode ser realizado por um ou mais artistas, protestando e problematizando temas da sociedade através de suas expressões artísticas, como música, dança, arte de rua, pintura, etc.

Pedagogia do hip hop

O livro é a primeira obra a contemplar a teoria, história, pesquisa e prática de uma “Pedagogia do Hip Hop”. Conceito que tem sido discutido dentro da comunidade acadêmica e artística do movimento e que, de acordo com um artigo da Universidade de Columbia, significa a incorporação dos elementos criativos do hip hop, como música, dança e grafite, dentro da educação e pedagogia.

O “manual” que acaba de ser lançado oferece à comunidade percepções teóricas, práticas e analíticas provenientes da sociologia e literatura, sobre os impactos da pedagogia do Hip Hop para educadores e estudantes interessados em abordagens diferentes da educação.

Derek Pardue, nascido e criado nos EUA, conta que acompanhou o início e o crescimento do movimento Hip Hop no País, momento em que se identificou com o gênero.

Em entrevista ao Jornal da USP, o escritor comenta sobre a contribuição para o livro que pôde oferecer em conjunto com as pesquisadoras da USP.

“Eu começo a estudar e escrever sobre hip hop nos anos 1990 nos Estados Unidos e continuo neste rumo quando chego ao Brasil em 1995. Quanto a Cris e a Nany, elas já tinham experiência e material de pesquisa que seguiam essa mesma temática, e já focados na Educação. Então decidimos que eu faria uma introdução e atuaria como um ‘editor’ organizando os dados que elas trouxeram, para trazer o conteúdo acadêmico de suas pesquisas mantendo o tom da obra”, diz.

“A Lauren Kelly e o Daren Graves (editores do livro) me convidaram, e achei que, além de interessante, seria importante para a produção da obra convidarmos pesquisadoras brasileiras, e principalmente mulheres. Não apenas por motivos de inclusão, mas para aprimorar a sabedoria que temos sobre hip hop em termos de gênero.”, afirma o escritor sobre o convite às educadoras.




02/04/2024 – Rádio Religare 35

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