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Coletivo de São José busca ressocialização de jovens da Fundação Casa através do RAP

Projeto Mais Palco realiza palestras e rodas de conversa como ferramentas de recuperação a menores infratores; primeira música já foi gravada

Por Gabriel Campoy  – São José dos Campos

Um projeto social de São José dos Campos busca ressocializar jovens internos da Fundação Casa através da música rap. O Projeto Mais Palco trabalha também com pessoas em situação de rua. Além da música, palestras e rodas de conversa são ferramentas usadas pelos idealizadores como forma de comunicação.

O rapper Germano Cezar, mais conhecido pela nomenclatura artística de “Germano”, é o idealizar da ação. A ideia, segundo ele, é que pelo menos uma vez por mês, um dos garotos que se destaquem nas oficinas promovidas pelo projeto na Fundação Casa seja levado a um estúdio, localizado no Jardim Satélite, para gravar uma canção.

Germano afirma que o projeto, no entanto, quer ir além. Cestas básicas e clipes estão no horizonte da ideia. “Futuramente a gente quer entregar cestas básicas a cada menino e menino que for gravar no estúdio. Além disso, queremos também realizar clipes com esses jovens aspirantes a artistas. O foco do nosso trabalho é no social”, destaca.

 

Leonardo Levi, produtor musical do estúdio musical Casa 90, e o fotógrafo e videomaker, Lucas Asani, da produtora Buma Filmes, completam o time de entusiastas da ideia de utilizar a música hip hop como porta de entrada de garotos encarcerados no mundo artístico. “Os sonhos deles são tão importantes quanto os de qualquer pessoa”, reforça o coletivo.

MÚSICAS

Do projeto iniciado por Germano, quatro músicas já foram gravadas. Dessas, duas já foram publicadas no YouTube. A ideia, segundo o rapper, é que o lançamento ocorra mês a mês.

 

O primeiro fruto do Projeto Mais Palco é a música ‘Cara de Tralha’, de Dinniz MC. O garoto aspirante a rapper, nascido em Jacareí, foi descoberto na Fundação Casa de Guararema, onde conheceu Germano através de palestras realizadas na unidade.

Em um relato pessoal, Dona Rosi, mãe do rapaz, afirmou que o garoto “entrou na vida errada” aos 12 anos, para ter “aquilo que os pais não puderam dar”. Contudo, ela destaca que Dinniz sempre teve o sonho de expor seus projetos.

“Meu filho é um menino bom, carinhoso, educado, sonhar e muito inteligente. Aos 12 anos ele entru na vida errada, para ter aquilo que nós, pais, não pudemos dar. Era uma vida de preocupação (…) ele [Dinniz] sempre teve o sonho de expor seus projetos, mas não teve oportunidade. Com seu jeitinho cativante de mostrar que ele é bom no que faz, cantando e mostrando no dia a dia seu potencial. Muitos não acreditaram, mas eu sempre acreditei”, disse a mãe, com ar orgulhoso.

 

Ela chama de “vida fácil” os motivos que levaram Dinniz a ser levado pela primeira vez para a Fundação Casa, em 2018. Três anos depois, em 2021, as mesmas razões levaram novamente o garoto a ficar encarcerado na unidade prisional de Guararema. Contudo, Rosi diz que na segunda passagem, após conhecer o projeto de Germano, o rapaz finalmente se encontrou

“Foi um choque para mim que, como mãe, lhe dei educação, falei tanto sobre o sofrimento, e ele começou a dar valor em algumas coisas da vida só depois. Foi aí que começou a expressar seu sofrimento, projetando nas letras tudo. Foi na Fundação que ele conheceu Germano e a identificação foi quase instantânea. Foi ele quem acreditou que meu tem potencial”, destacou.

A mãe ainda enfatizou que as mudanças projetadas na segunda passagem de Dinniz pela Fundação Casa fizeram com que ele transformasse totalmente sua postura. Segundo ela, até o término de um namoro serviu como motivação.

 

“Nesta segunda passagem ele teve oportunidade de fazer mais letras e até mesmo do sofrimento de um abandono de uma namorada que ali ele deixou (…) Foi no sofrimento que ele colocou na cabeça que é um grande menino, mais que vencedor. Ele saiu há 3 meses da Fundação Casa e hoje ele só quer vencer. Ter a oportunidade que outros meninos nessa situação não tiveram”, concluiu.




14/03/2023 – Rádio Religare 35

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